Excertos

Academia de Vampiros - Livro I
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«– Precisas de alguma coisa para vestir? – perguntou Lissa.
– Hum?
Deitei-lhe um olhar. Estávamos à espera de que a aula de Arte Eslava do professor Nagy começasse, mas eu estava mais preocupada em escutar a conversa entre Mia e uma das amigas, na qual ela negava categoricamente os rumores que circulavam acerca dos seus pais.
– Eles não são propriamente criados! – exclamou, visivelmente corada. Esticando o pescoço, tentou mostrar-se altiva. – São praticamente conselheiros deles. Os Drozdov não decidem nada sem os meus pais.
Engoli uma gargalhada e Lissa abanou a cabeça.
– Estás a divertir-te demais com isto.
– Porque é espectacular. O que é que me tinhas perguntado? – Remexi na mala, procurando no meio da balbúrdia o meu gloss para os lábios.
Fiz uma careta quando o encontrei. Estava praticamente gasto; não fazia ideia de onde é que iria arranjar mais.
– Perguntei-te se precisavas de alguma coisa para vestir hoje à noite – continuou ela.
– Bem, claro que preciso. Mas nenhuma da tua roupa me serve.
– O que é que vais fazer?
Encolhi os ombros.
– Improvisar, como sempre. Não estou muito preocupada com isso. Estou apenas contente por a Kirova me deixar ir.
Tínhamos uma reunião naquela noite. Era o primeiro de Novembro, Dia de Todos-os-Santos, o que significava também que estávamos de volta há quase um mês. Um grupo real viria visitar a escola, incluindo a própria rainha Tatiana. Para dizer a verdade, não era isso que me empolgava. Ela já tinha visitado a Academia antes. Era uma coisa bastante comum e muito menos fantástica do que parecia. Além do mais, depois de ter vivido entre humanos e líderes eleitos, não tinha em grande conta a cerimoniosa realeza. Ainda assim, conseguira permissão para ir, porque toda a gente iria lá estar. Era uma oportunidade de estar com pessoas normais, para variar, e de não ter de ficar fechada no dormitório. Um pouco de liberdade valia definitivamente a pena de ter de ficar sentada a ouvir alguns discursos monótonos.
Depois das aulas, não fiquei a conversar com Lissa como era costume. Dimitri cumprira a promessa dos treinos extra e eu estava a tentar cumprir a minha de os frequentar. Tinha agora mais duas horas de prática com ele, uma antes e outra depois das aulas. Quanto mais o via em acção, melhor compreendia a razão da sua reputação de deus implacável. Notava-se bem que tinha grandes conhecimentos, as seis marcas molnija provavam-no, e eu estava em pulgas para que me ensinasse o que sabia.
Quando chegámos ao ginásio, notei que usava uma T-shirt e calças de treino largas, por oposição às calças de ganga que era seu costume usar. Assentavam-lhe bem. Mesmo muito bem. «Pára de olhar», disse imediatamente para comigo.
Ele posicionou-me de maneira a ficarmos de frente um para o outro no colchão e cruzou os braços.
– Qual é o primeiro problema que terás ao enfrentar um Strigoi?
– São imortais?
– Pensa numa coisa mais básica.
– Mais básico do que isso? – pensei. – Podem ser maiores do que eu. E mais fortes.
A maior parte dos Strigoi, a não ser que tivessem sido humanos anteriormente, era da mesma altura que os seus primos Moroi. Os Strigoi também tinham mais força, melhores reflexos e os sentidos mais apurados do que os dhampirs. Era por esse motivo que os guardiães treinavam tanto; tínhamos de trabalhar arduamente para compensar a vantagem do adversário.
Dimitri assentiu.
– Isso torna a tarefa difícil, mas não impossível. Geralmente, podes usar a maior altura e peso de uma pessoa contra ela própria.
Voltou-se e demonstrou várias manobras, indicando para onde me deveria mover e como atingir alguém. Ao praticar os movimentos com ele, compreendi porque costumava levar tareias nas aulas práticas de grupo. Absorvi as técnicas que me ensinava rapidamente e mal podia esperar por pô-las em prática. Quase no fim da aula, deixou-me tentar.
– Vá – disse-me. – Tenta acertar-me.
Não precisava que me dissessem duas vezes. Precipitei-me para a frente e tentei encaixar-lhe um murro, mas fui imediatamente bloqueada e atirada ao tapete. Uma dor perpassou-me o corpo, mas recusei que me derrotasse. Levantei-me outra vez de um salto, esperando conseguir apanhá-lo desprevenido. Mas não apanhei.
Depois de várias tentativas falhadas, levantei-me e estendi as mãos num gesto de tréguas.
– Certo, o que é que estou a fazer mal?
– Nada.
A resposta não me convenceu.
– Se não estou a fazer nada mal, a esta hora já devias estar inconsciente.
– Pouco provável. Os teus movimentos estão todos correctos, mas esta foi a primeira vez que tentaste a sério. Eu já faço isto há anos.
Abanei a cabeça e revirei os olhos face perante aquela atitude de mais velho e mais sábio. Uma vez dissera-me que tinha vinte e quatro anos.
– Como queiras, avozinho. Podemos tentar outra vez?
– Já não temos tempo. Não te queres ir preparar para logo à noite?
Olhei para o poeirento relógio de parede e estremeci. Estava quase na hora do banquete. A ideia deixou-me estonteada: sentia-me como a Cinderela, mas sem a roupa.
– Raios, tenho mesmo de ir.
Ele seguiu à minha frente. Estudando-o cuidadosamente, apercebi-me de que não podia deixar passar a oportunidade. Saltei-lhe para as costas, posicionando-me exactamente como ele me tinha ensinado. Tinha o elemento surpresa. Era a oportunidade perfeita. Ele nem se aperceberia de nada.
Antes que pudesse atingi-lo, girou a uma velocidade incrivelmente ridícula. Num movimento surdo, agarrou-me como se eu não pesasse nada e atirou-me ao chão, pregando-me lá.
Gemi.
– Não fiz nada mal!
Tinha os olhos ao mesmo nível dos meus quando me agarrou os pulsos, mas não parecia tão sério como durante a aula. Parecia considerar aquilo divertido.
– O grito de guerra de certa forma denunciou-te. Tenta não gritar da próxima vez.
– Teria feito realmente diferença se eu tivesse sido silenciosa?
Ele pensou nisso alguns instantes.
– Não. Provavelmente, não.
Soltei um profundo suspiro de resignação. Ainda estava demasiado bem-disposta para deixar que aquela desilusão me abatesse. Havia algumas vantagens em ter um mentor implacável, um mentor que, por acaso, também era pelo menos trinta centímetros mais alto do que eu e bastante mais pesado. E isto sem considerar a força. Não era corpulento, mas tinha um corpo delineado, músculos duros e secos. Se um dia conseguisse derrotá-lo, seria capaz de derrotar qualquer um.
Subitamente, ocorreu-me que ele ainda me estava a segurar no chão. Sentia a pele quente dos seus músculos, enquanto ele me apertava os pulsos. O seu rosto pairava a poucos centímetros do meu e as pernas e o torso premiam o meu corpo. Algumas madeixas do cabelo longo e castanho caíam-lhe para a cara e ele parecia estar também a reparar mim, quase da mesma maneira que fizera na outra noite na sala de estar. E, oh, meu Deus, cheirava tão bem. Quase que não conseguia respirar, mas não por causa do exercício ou por estar a ficar com os pulmões esmagados.
Teria dado tudo para conseguir ler-lhe os pensamentos naquele momento. Desde aquela noite na sala de estar, parecia-me que ele me observava com a mesma expressão de apreciação. Nunca durante os treinos, isso era trabalho. Mas antes e depois, descontraía-se um pouco e eu reparava que ele olhava para mim como se me estivesse a admirar. Por vezes, quando tinha mesmo muita, muita sorte, ele sorria-me. Um sorriso realmente autêntico, não daqueles sorrisos secos que costumávamos usar, a acompanhar o sarcasmo. Não queria admitir a ninguém, nem a Lissa, nem sequer a mim própria, mas em certos dias eu vivia para aqueles sorrisos. Iluminavam-lhe o rosto. A palavra «lindo» já não chegava para o descrever adequadamente.
Num esforço para parecer calma, tentei lembrar-me de alguma coisa profissional ou relacionada com guardiães para dizer. Ao invés, disse:
– Então… hum… tens mais alguns movimentos para me mostrar?
Os lábios de Dimitri contorceram-se, levando-me a pensar por um momento que iria receber um daqueles sorrisos. O meu coração começou a bater mais depressa. Depois, com um esforço visível, recuou o sorriso e voltou a ser de novo o meu mentor que não me dava abébias. Afastou-se de mim, inclinou-se para trás nos calcanhares e levantou-se.
– Anda. É melhor irmos.
[...]»


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Beijo Gelado - Academia de Vampiros - Livro II
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«Prólogo
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As coisas morrem. Porém, nem sempre ficam mortas. Acreditem em mim, porque eu sei.
Há uma raça de vampiros neste mundo que são literalmente mortos-vivos. São os Strigoi, e, se ainda não tens pesadelos com eles, deverias ter. São fortes, rápidos e matam sem hesitação nem misericórdia. São também imortais – o que dificulta ainda mais a tarefa de os destruir. Só há três formas de o fazer: cravando-lhes uma estaca de prata em cheio no coração, decapitando-os, ou pegando-lhes fogo. Nenhuma delas é fácil, mas sempre é melhor do que nada.
Contudo, há também vampiros bons neste mundo. Chamam-se Moroi. Eles estão vivos e possuem o poder incrível e fantástico de exercer magia, servindo-se de um dos quatro elementos – terra, água, ar e fogo. (Bom, a maioria dos Moroi consegue fazer isso – mas explicarei melhor as excepções mais adiante.) Actualmente, quase não usam a magia para nada, o que é um pouco triste. Poderia ser uma excelente arma, mas os Moroi acreditam firmemente que a magia só deve ser usada para fins pacíficos. Essa é uma das regras mais importantes na sua sociedade. Geralmente, os Moroi são altos e magros e não suportam muita luz solar. Possuem, no entanto, sentidos sobre-humanos que compensam essa fraqueza: visão, olfacto e audição amplificados.
Ambas as raças de vampiros precisam de sangue. Suponho que é isso que faz deles vampiros. Contudo, os Moroi não matam para consegui-lo. Ao invés, mantêm alguns seres humanos por perto, que doam voluntariamente pequenas quantidades de sangue. Estes oferecem-se para o fazer porque as mordidelas dos vampiros contêm endorfinas que provocam uma intensa sensação de bem-estar, chegando inclusive a tornar-se viciantes. Sei-o por experiência própria. Estes seres humanos são os chamados dadores e são basicamente viciados nas mordidelas dos vampiros.
Ainda assim, manter os dadores por perto é melhor do que fazer as coisas ao estilo dos Strigoi, porque, como seria de esperar, esses matam para obter o sangue de que necessitam. Penso que isso até lhes agrada. Se um Moroi matar uma vítima enquanto se alimenta, ele ou ela transforma-se num Strigoi. Alguns Moroi fazem-no por escolha própria, trocando a sua magia e os seus princípios éticos pela imortalidade. Também se podem criar Strigoi à força. Se um Strigoi beber o sangue de uma vítima e obrigá-la depois a beber o seu próprio sangue… bom, cria-se assim um novo Strigoi. Isto pode acontecer a qualquer um: tanto a um ser humano, como a um Moroi, ou… a um dhampir.
Dhampir.
Isso é o que eu sou. Os dhampirs são metade humanos, metade Moroi. Agrada-me pensar que reunimos as melhores características de ambas as raças. Sou forte e robusta como os seres humanos e posso sair durante o dia para apanhar o sol que me apetecer. Porém, tal como os Moroi, possuo sentidos muito apurados e reflexos rápidos. Por esse motivo, os dhampirs são excelentes guarda-costas – e é exactamente isso que a maior parte de nós faz. Chamam-nos guardiães.
Passei toda a minha vida a treinar para proteger os Moroi dos Strigoi. Frequento um conjunto de aulas e de treinos especiais na Academia de São Vladimir, uma escola privada para Moroi e dhampirs. Sei usar todo o tipo de armas e desfiro uns valentes pontapés. Já bati em tipos com o dobro do meu tamanho – dentro e fora da sala de aula. E, para dizer a verdade, praticamente só bato em rapazes, já que, na minha turma, há poucas raparigas.
Isto porque, apesar de os dhampirs terem herdado inúmeras características fantásticas, houve uma que não herdaram: os dhampirs não podem ter filhos com outros dhampirs. Não me perguntem porquê. Eu de genética não percebo nada. Quando os seres humanos e os Moroi se juntam, produzem dhampirs. Aliás, é exactamente dessa união que nós resultamos. Porém, é raro isso acontecer actualmente; os Moroi tendem a afastar-se dos seres humanos. No entanto, devido a outro estranho acaso da genética, da união entre Moroi e dhampirs nascem crianças dhampir. Bem sei: é uma loucura. Seria de esperar que tivessem um bebé que fosse três quartos vampiro, certo? Mas não. Metade humana, metade Moroi.
A maioria dos dhampirs nasce da união de homens Moroi e mulheres dhampir. Já as mulheres Moroi preferem ter bebés Moroi. O que, normalmente, significa que os homens Moroi têm casos com mulheres dhampir e depois desaparecem. Consequentemente, muitas das mulheres dhampir tornam-se mães solteiras e é por isso que a maior parte não segue uma carreira de guardiã. Preferem centrar-se na educação dos filhos.
Assim, só os rapazes e meia dúzia de raparigas se tornam guardiães. Porém, aqueles que escolhem proteger os Moroi levam o seu trabalho muito a sério. Os dhampirs precisam dos Moroi para assegurar a sua descendência. Temos de protegê-los. Além do mais, é… bom, é um trabalho honroso. Os Strigoi são uma aberração maléfica. Não é correcto que persigam gente inocente. Os dhampirs que treinam para se tornarem guardiães recebem este ensinamento desde que aprendem a andar. Os Strigoi são uma raça diabólica e os Moroi têm de ser protegidos. Os guardiães acreditam nisso. Eu acredito nisso.
E há um Moroi que eu quero proteger mais do que qualquer outro no mundo: a minha melhor amiga, Lissa. Ela é uma princesa Moroi. Os Moroi têm doze famílias reais e ela é a última sobrevivente da sua – os Dragomir. Há, contudo, algo mais que faz de Lissa uma pessoa especial, além de ela ser a minha melhor amiga.
Lembram-se de eu dizer que cada Moroi controla um dos quatro elementos? Bom, acontece que a Lissa usa um que, até há pouco tempo, ninguém sabia que existia: o espírito. Durante muitos anos, julgámos que ela simplesmente não iria desenvolver qualquer habilidade mágica. Depois, porém, começaram a acontecer coisas estranhas em seu redor. Por exemplo, todos os vampiros possuem uma habilidade chamada compulsão, com a qual obrigam os outros a fazerem o que eles querem. Os Strigoi são mestres nessa habilidade. Os Moroi não a dominam tão bem e, além do mais, é proibida. Lissa, porém, detém esta capacidade com a força de um Strigoi. Basta-lhe bater as pálpebras, para as pessoas fazerem o que ela quer.
Contudo, de entre as suas habilidades, esta nem sequer é a mais espectacular.
Disse anteriormente que as coisas nem sempre permanecem mortas. Bom, eu sou uma delas. Não se preocupem – não sou como os Strigoi. Mas já morri uma vez. (Não o recomendo.) Aconteceu quando o carro em que eu seguia se despistou. O acidente matou-me a mim, os pais de Lissa e o irmão dela. No entanto, no meio do caos – e sem se dar conta – Lissa usou o espírito para me trazer de volta. Durante muito tempo, não soubemos que isso tinha acontecido. Na verdade, nem sequer sabíamos que o espírito existia.
Infelizmente, houve uma pessoa que soube da existência do espírito antes de nós. Victor Dashkov, um Príncipe Moroi moribundo, descobriu os poderes de Lissa e decidiu raptá-la para fazer dela a sua curandeira particular – para o resto da sua vida. Quando me dei conta de que alguém a seguia, decidi tratar do assunto pessoalmente. Fugimos da escola e fomos viver entre os seres humanos. Foi divertido – mas também bastante desgastante – andar sempre em fuga. Conseguimos viver assim durante dois anos, até as autoridades de São Vladimir nos apanharem e nos trazerem de volta há uns meses.
Foi nessa altura que Victor entrou em acção, sequestrando-a e torturando-a até ela ceder às suas exigências. Para alcançar os seus objectivos, Victor tomou algumas medidas extremas – como lançar um feitiço de luxúria sobre mim e Dimitri, o meu mentor. (Falarei dele mais adiante.) Victor também explorou a instabilidade mental que o espírito trazia a Lissa. O mais diabólico, porém, foi o que ele fez com a própria filha, Natalie. Chegou ao ponto de a encorajar a transformar-se numa Strigoi, para ajudar a encobrir a sua fuga. Ela acabou por morrer trespassada por uma estaca. Mesmo depois de ter sido capturado, Victor não mostrou grandes remorsos pelo que lhe fizera, o que me fez concluir que não perdi nada por ter crescido sem um pai.
Ainda assim, agora tenho de proteger Lissa dos Strigoi e dos Moroi. Só alguns oficiais sabem do que ela é capaz de fazer, mas tenho a certeza de que há outros como Victor que haviam de querer explorar esta sua habilidade. Felizmente, possuo mais uma arma que me ajuda a protegê-la. Quando me curou depois do acidente de viação, formou-se entre nós, a dada altura, uma ligação mental que me permite ver e sentir o que ela experiencia. (Contudo, só funciona num sentido. Ela não me pode «sentir» a mim.) Essa ligação ajuda-me a mantê-la debaixo de olho e assim saber se está com problemas, embora, por vezes, seja estranho estar na cabeça de outra pessoa. Estamos certas de que o espírito pode fazer muitas mais coisas, mas ainda não sabemos o quê.
Enquanto isso, tento ser a melhor guardiã que posso. O facto de termos fugido da Academia atrasou a minha formação, por isso tenho aulas suplementares a fim de compensar o tempo perdido. Não há nada no mundo que eu queira mais do que manter Lissa em segurança. Infelizmente, há duas coisas que, de vez em quando, complicam a minha formação: uma prende-se com o facto de, por vezes, agir antes de pensar; já me consigo controlar melhor, mas, quando me acontece alguma coisa, tenho a tendência para bater primeiro e perguntar depois. Quando as pessoas de quem gosto estão em perigo… bom, não me parece obrigatório seguir as regras.
O outro problema na minha vida é Dimitri. Foi ele quem matou Natalie. É um tipo duro e também é muito giro. Está bem, pronto – mais do que giro: é uma brasa – daquele tipo de brasa que nos leva a parar no meio da rua e sermos atropeladas pelo trânsito. Contudo, como já disse, ele é meu mentor e tem vinte e quatro anos. Essas são as duas razões pelas quais não me deveria ter apaixonado por ele. Para ser sincera, porém, a razão mais importante é que ele e eu iremos ser os guardiães de Lissa quando ela se formar. Se estivermos a olhar um para o outro, isso significa que não estaremos a olhar por ela.
Não tive muita sorte em tentar esquecê-lo e tenho a certeza de que ele sente o mesmo por mim. Em parte, o que o torna tão difícil é o facto de ter havido um momento de grande excitação entre nós quando estivemos sob o efeito do feitiço. Victor queria distrair-nos enquanto raptava Lissa e a coisa funcionou. Eu estava pronta para entregar a minha virgindade e Dimitri estava pronto a recebê-la. Quebrámos o feitiço no último minuto, mas essas memórias estão sempre comigo, fazendo com que, por vezes, me seja difícil concentrar nos movimentos de combate.
A propósito, o meu nome é Rose Hathaway. Tenho dezassete anos, preparo-me para proteger e matar vampiros, estou apaixonada pela pessoa errada e tenho uma melhor amiga cuja estranha magia a pode levar à loucura.
Pois, ninguém disse que a escola secundária era fácil.»